sexta-feira, 28 de junho de 2013

Língua Materna e Língua Estrangeira

INTRODUÇÃO
O ensino de língua materna, desde as primeiras letras até o estudo da nossa tradição literária, tem sido alvo de preocupação de especialistas das mais variadas áreas. Assim, o ensino de linguagem, de um modo geral, vem sendo há algum tempo tema de discussão de gramáticos, pedagogos, psicólogos etc. que, evidentemente, centraram seus estudos e críticas segundo pressupostos e pontos de vista próprios às suas áreas de conhecimento. Mais recentemente (de 25 anos para cá, mais ou menos), os lingüistas se integraram ao debate, contribuindo de forma original na crítica ao modo como a escola trata o ensino de linguagem. Ao apontar as fragilidades encontradas no ensino tradicional ao lidar com as diferenças culturais e lingüísticas dos novos alunos que se integraram à escola pública brasileira, por conta de sua expansão nos governos militares, os lingüistas deram um novo tom à discussão, redirecionando o debate a partir, principalmente, da inserção do tema da variação lingüística e suas decorrências, seja quanto ao conceito de gramática, seja quanto à funcionalidade das variantes.
























1. LÍNGUA MATERNA

O  ensino de Língua Portuguesa, estranhamente por falantes nativos, tem enfrentado sérios problemas. Isso ocorre porque durante muito tempo se pensou que esse ensino deveria corresponder ao estudo da norma culta da língua, utilizando para isso a gramática normativa. Mas, com o avanço das pesquisas na área, percebeu-se que o ensino de Língua Materna não poderia se prender somente a esse aspecto.
A língua materna também se conhece como idioma materno, língua nativa ou primeira língua. Trata-se do primeiro idioma que aprende uma pessoa ou, por outras palavras, da língua que se fala num país, e que é relativa aos naturais/nativos do mesmo.
A língua materna é, sem dúvida, aquela que se domina melhor, no sentido de uma valorização subjectiva que o individuo realiza relativamente às línguas que conhece. Também se trata da língua adquirida de forma natural, através da interacção com o meio envolvente, sem intervenção pedagógica e sem uma reflexão linguística consciente.
Existem regiões onde um sujeito pode ter mais de uma língua materna. É o caso, por exemplo, daqueles que nascem em Mirando do Douro, os quais aprendem a falar, desde a nascença, mirandês e português. O mesmo é valido para descendentes de emigrantes, em que os filhos aprendem duas línguas ao mesmo tempo: a língua dos pais e a língua falada no país de acolhimento.

Língua materna é a primeira língua que uma criança aprende. Em certos casos, quando a criança é educada por pais (ou outras pessoas) que falem línguas diferentes, é possível adquirir o domínio de duas línguas simultaneamente, cada uma delas podendo ser considerada língua materna, configura-se então uma situação de bilinguismo.
A expressão língua materna provém do costume em que as mães eram as únicas a educar seus filhos na primeira infância, fazendo com que a língua da mãe seja a primeira a ser assimilada pela criança, condicionando seu aparelho fonador àquele sistema lingüístico.
A aquisição da língua materna ocorre em várias fases. Inicialmente, a criança registra literalmente os fonemas e as entonações da língua, sem ainda ser capaz de os reproduzir. Em seguida, começa a produzir sons e entonações até que seu aparelho fonador permita-lhe a articular palavras e organizar frases, assimilando contemporaneamente o léxico. A sintaxe e a gramática são integradas paulatinamente dentro deste processo de aprendizagem.
O primeiro grande passo para a compreensão deste texto é a conscientização de que o atual ensino de língua materna, em outras palavras, o ensino de Língua Portuguesa a falantes nativos, não tem apresentado grandes resultados. Neves (1990) traz uma pesquisa realizada com 170 professores de Língua Portuguesa do ensino fundamental e ensino médio, pela qual busca perceber o andamento das aulas desses professores. Ela percebeu que há um desânimo muito grande tanto dos professores quanto dos alunos em relação ao ensino de Língua Portuguesa. O desânimo acontece porque os professores estão trabalhando de forma fragmentada. Por um lado, eles reconhecem que a gramática normativa contém falhas e, por outro lado, eles não veem a gramática descritiva como aquela que pode também ensinar. Esse fato faz com que fiquem oscilando entre as duas. Como a gramática normativa tornou-se alvo de críticas, nenhum professor quer assumir que trabalha com ela, mas também não aceita trabalhar só com a gramática descritiva porque julga que ela não ensina. Se o professor não consegue ter para si próprio um fim e uma certeza daquilo que é seu objeto de ensino, que dirá o aluno. O aluno se vê obrigado a fazer uma série de exercícios repetitivos e sem aplicação, com o único objetivo de alcançar nota. Essa é uma situação que não pode continuar. O professor precisa ter certeza do que ensina e para que ensina. Só assim, ele poderá esclarecer para seu aluno as dúvidas que este tiver. É por isso que no próximo item iremos abordar o para quê do ensino de Língua Materna.
É comum ouvir dos alunos a seguinte pergunta: “por que tantas aulas de Língua Portuguesa, se nós já falamos português?” E, muitas vezes, um outro aluno mesmo responde: “para nos ensinar a falar e a escrever, porque nós falamos tudo errado”. Essa fala evidencia que os alunos já chegam à escola pensando que só verão a variedade culta da língua, ou seja, estudarão apenas a gramática normativa. Mas não é isso que Travaglia (2002) vem nos propor. Segundo o autor, o ensino de Língua Materna se justifica, prioritariamente, pelo desenvolvimento da competência comunicativa do aluno. Mas o que é isso? Desenvolver a competência comunicativa do aluno é torná-lo apto a se comunicar e a entender aquilo que os outros comunicam nas mais diversas situações de uso da língua. Uma pessoa que tem essa capacidade consegue utilizar a língua para os mais variados fins e consegue, também, compreender o uso que as outras pessoas fazem, seja na língua oral ou escrita, na variedade padrão ou não. Mas o desenvolvimento dessa capacidade requer o desenvolvimento de outras duas competências e, sem estas duas, a primeira se torna inviável, uma depende da outra. São elas: a competência textual e a competência gramatical ou linguística. A competência textual é a capacidade de produzir e compreender textos. Desenvolver esta capacidade implica em desenvolver outras três capacidades, a saber:
– capacidade formativa, que permite produzir e compreender um ilimitado número de textos e avaliar se o texto está ou não bem formado;
– capacidade transformativa, que permite modificar um determinado texto de diferentes formas de acordo com o objetivo que se quer alcançar;
– capacidade qualificativa, que permite reconhecer um determinado texto segundo uma tipologia. Essa capacidade está muito ligada à capacidade formativa, pois se o usuário da língua é capaz de identificar um texto dentro deProfessores em Formação ISEC/ISED Nº 1 2º semestre de 2010 uma tipologia, pressupõe-se que ele também seja capaz de produzi-lo.
O espaço do presente artigo não permite discutir os passos necessários para desenvolver nos alunos a competência textual, uma vez que, neste momento, o foco da nossa atenção será o desenvolvimento da competência gramatical ou linguística.  A competência gramatical ou linguística é a capacidade que o usuário da língua tem para produzir sequências gramaticais. Quanto maior essa capacidade, melhor será a comunicação feita pelo usuário, pois cada situação de comunicação requer uma sequência gramatical diferente. Para desenvolver esta capacidade, é necessária a ajuda da gramática e é aqui que se concentra nosso maior problema.
2. LINGUA ESTRANGEIRA
A aprendizagem de Língua Estrangeira é uma possibilidade de aumentar a autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão. Por esse motivo, ela deve centrar-se no engajamento discursivo do aprendiz, ou seja, em sua capacidade de se engajar e engajar outros no discurso de modo a poder agir no mundo social.
Para que isso seja possível, é fundamental que o ensino de Língua Estrangeira seja balizado pela função social desse conhecimento na sociedade brasileira. Tal função está, principalmente, relacionada ao uso que se faz de Língua Estrangeira via leitura, embora se possa também considerar outras habilidades comunicativas em função da especificidade de algumas línguas estrangeiras e das condições existentes no contexto escolar. Além disso, em uma política de pluralismo lingüístico, condições pragmáticas apontam a necessidade de considerar três fatores para orientar a inclusão de uma determinada língua estrangeira no currículo: fatores relativos à história, às comunidades locais e à tradição.
Uma língua estrangeira é um idioma (não falado pela população de um determinado local): por exemplo, não apenas Inglês, mas também japonês antigo tardio são uma língua estrangeira no Japão. É também uma língua não falada no país de uma pessoa referida, ou seja, um falante de inglês que vive no Japão pode dizer que Japonês é uma língua estrangeira para ele ou ela. Estas duas caracterizações não esgotam as possíveis definições, porém, o rótulo é ocasionalmente aplicado em formas que são diversas vezes enganosa ou factualmente incorretas.
Algumas crianças aprendem mais de uma língua desde o nascimento ou, desde a mais tenra idade: são bilíngue ou multilingue. Estas crianças pode ser dito ter duas línguas maternas: nem é língua estrangeira para o filho, mesmo que uma língua seja uma língua estrangeira para a grande maioria das pessoas no país de nascimento da criança. Por exemplo, uma criança aprende Inglês com sua mãe inglesa e na escola japonesa no Japão pode falar Inglês e Japonês, mas também não é uma língua estrangeira para ela.
A linguagem é o meio pelo qual uma vasta gama de relações são expressas, e é indiscutível o papel que ela desempenha na compreensão mútua, na promoção de relações políticas e comerciais, no desenvolvimento de recursos humanos. O reverso da medalha, no entanto, é que, ao mesmo tempo em que pode desempenhar esse papel de promotor de progresso e desenvolvimento, a linguagem pode afetar as relações entre grupos diferentes em um país, valorizando as habilidades de alguns grupos e desvalorizando as de outros.
Internamente, pode servir como fonte poderosa e símbolo tanto de coesão como de divisão. Externamente, pode servir como instrumento de elitização que capacita algumas pessoas a ter acesso ao mundo exterior, ao mesmo tempo em que nega esse acesso a outras. No plano internacional, situação semelhante se configura. O que diz respeito à situação de indivíduos dentro de um país, aplica-se à situação de países dentro da comunidade internacional. Se a tendência do mundo de hoje para o futuro é a dependência cada vez maior na troca de informação, a linguagem e as línguas estão no cerne da questão: quem controla a informação?
2.1.      RELAÇÃO ENTRE A LINGUA ESTRANGEIRA E LINGUA MATERNA
A relação entre língua estrangeira e língua materna na aprendizagem O processo sociointeracional de construir conhecimento lingüístico e aprender a usá-lo já foi percorrido pelo aluno no desafio de aprender sua língua materna. Ao chegar à quinta série, a criança já é um falante competente de sua língua para os usos que se apresentam nas comunidades discursivas E imediatas das quais participa em sua socialização em casa ou nas brincadeiras com os amigos fora de casa, e em outras comunidades discursivas. Essas outras comunidades podem exigir a aprendizagem de uma variedade da língua materna ou de padrões interacionais diferentes dos que teve acesso em casa (por exemplo, modos de interagir com outra pessoa em sala de aula).
Neste percurso, o aluno já aprendeu usos da linguagem com os quais pode não ter se familiarizado em casa (por exemplo, na leitura e na produção de um texto escrito), tendo também interiorizado sua natureza sociointeracional (por exemplo, ao aprender a considerar as marcas das identidades sociais, idade, gênero etc. daqueles com quem fala em contextos sociais específicos) e começado a construir conhecimento de natureza metalingüística nas aulas de língua materna. Isso lhe possibilita pensar, falar, ler e escrever sobre sua própria língua. Enfim, o aluno já sabe muito sobre sua língua materna e sobre como usá-la, ou seja, sabe muito sobre linguagem.
Em linhas gerais, o que a aprendizagem de uma Língua Estrangeira vai fazer é:
·      Aumentar o conhecimento sobre linguagem que o alunoconstruiu sobre sua língua materna, por meio de comparaçõescom a língua estrangeira em vários níveis;
·      Comunidades discursivas são os espaços sociais (lar, escola, clube etc.) orientados por práticas sociais específicas de construção de significado dos quais se participa.
·      Possibilitar que o aluno, ao se envolver nos processos de construir significados nessa língua, se constitua em um ser discursivo no uso de uma língua estrangeira.




3.   LÍNGUA VEICULAR
Chama – se Língua Veicular a uma Língua Própria, uma Língua Padrão, a Língua de Origem.
É uma Língua que junta todos os países que falam a mesma Língua, que podem estar sempre em comunicação duma da outra, porque têm o mesmo veículo na linguagem.






















CONCLUSÃO
Depois de toda a pesquisa feita durante a elaboração deste trabalho, pude concluir que:
Em geral, o idioma materno é aprendido através da família, em casa. A habilidade na língua materna é imprescindível para a aprendizagem posterior, uma vez que constitui a base do pensamento. Por outro lado, uma destreza incompleta na língua materna dificulta a aprendizagem de segundas línguas.
Embora seu conhecimento seja altamente prestigiado na sociedade, as línguas estrangeiras, como disciplinas, se encontram deslocadas da escola. A proliferação de cursos particulares é evidência clara para tal afirmação. Seu ensino, como o de outras disciplinas, é função da escola, e é lá que deve ocorrer.



















BIBLIOGRAFIA
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.

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