INTRODUÇÃO
O ensino de língua materna, desde as primeiras letras até o estudo da
nossa tradição literária, tem sido alvo de preocupação de especialistas das
mais variadas áreas. Assim, o ensino de linguagem, de um modo geral, vem sendo
há algum tempo tema de discussão de gramáticos, pedagogos, psicólogos etc. que,
evidentemente, centraram seus estudos e críticas segundo pressupostos e pontos
de vista próprios às suas áreas de conhecimento. Mais recentemente (de 25 anos
para cá, mais ou menos), os lingüistas se integraram ao debate, contribuindo de
forma original na crítica ao modo como a escola trata o ensino de linguagem. Ao
apontar as fragilidades encontradas no ensino tradicional ao lidar com as
diferenças culturais e lingüísticas dos novos alunos que se integraram à escola
pública brasileira, por conta de sua expansão nos governos militares, os
lingüistas deram um novo tom à discussão, redirecionando o debate a partir,
principalmente, da inserção do tema da variação lingüística e suas
decorrências, seja quanto ao conceito de gramática, seja quanto à
funcionalidade das variantes.
1. LÍNGUA
MATERNA
O ensino de Língua Portuguesa,
estranhamente por falantes nativos, tem enfrentado sérios problemas. Isso
ocorre porque durante muito tempo se pensou que esse ensino deveria
corresponder ao estudo da norma culta da língua, utilizando para isso a
gramática normativa. Mas, com o avanço das pesquisas na área, percebeu-se que o
ensino de Língua Materna não poderia se prender somente a esse aspecto.
A língua materna também se conhece como idioma materno, língua nativa ou
primeira língua. Trata-se do primeiro idioma que aprende uma pessoa ou, por outras palavras, da língua que se fala num
país, e que é relativa aos naturais/nativos do mesmo.
A língua materna é, sem dúvida, aquela que se domina melhor, no sentido
de uma valorização subjectiva que o individuo realiza relativamente às línguas
que conhece. Também se trata da língua adquirida de forma natural, através da
interacção com o meio envolvente, sem intervenção pedagógica e sem uma reflexão
linguística consciente.
Existem regiões onde um sujeito pode ter mais de uma língua materna. É o
caso, por exemplo, daqueles que nascem em Mirando do Douro, os quais aprendem a
falar, desde a nascença, mirandês e português. O mesmo é valido para
descendentes de emigrantes, em que os filhos aprendem duas línguas ao mesmo tempo: a língua dos pais e a língua
falada no país de acolhimento.
Língua
materna é a primeira língua que uma criança aprende. Em certos
casos, quando a criança é educada por pais (ou outras pessoas) que falem
línguas diferentes, é possível adquirir o domínio de duas línguas
simultaneamente, cada uma delas podendo ser considerada língua materna,
configura-se então uma situação de bilinguismo.
A expressão língua
materna provém do costume
em que as mães eram as únicas a educar seus filhos na primeira infância,
fazendo com que a língua da mãe seja a primeira a ser assimilada pela criança,
condicionando seu aparelho fonador àquele sistema lingüístico.
A aquisição da língua materna ocorre em
várias fases. Inicialmente, a criança registra literalmente os fonemas e as entonações da língua, sem ainda
ser capaz de os reproduzir. Em seguida, começa a produzir sons e entonações até
que seu aparelho fonador permita-lhe a articular palavras e organizar frases,
assimilando contemporaneamente o léxico. A sintaxe e a gramática são integradas
paulatinamente dentro deste processo de aprendizagem.
O primeiro grande passo para a
compreensão deste texto é a conscientização de que o atual ensino de língua
materna, em outras palavras, o ensino de Língua Portuguesa a falantes nativos,
não tem apresentado grandes resultados. Neves (1990) traz uma pesquisa
realizada com 170 professores de Língua Portuguesa do ensino fundamental e
ensino médio, pela qual busca perceber o andamento das aulas desses
professores. Ela percebeu que há um desânimo muito grande tanto dos professores
quanto dos alunos em relação ao ensino de Língua Portuguesa. O desânimo
acontece porque os professores estão trabalhando de forma fragmentada. Por um
lado, eles reconhecem que a gramática normativa contém falhas e, por outro lado,
eles não veem a gramática descritiva como aquela que pode também ensinar. Esse
fato faz com que fiquem oscilando entre as duas. Como a gramática normativa
tornou-se alvo de críticas, nenhum professor quer assumir que trabalha com ela,
mas também não aceita trabalhar só com a gramática descritiva porque julga que
ela não ensina. Se o professor não consegue ter para si próprio um fim e uma
certeza daquilo que é seu objeto de ensino, que dirá o aluno. O aluno se vê
obrigado a fazer uma série de exercícios repetitivos e sem aplicação, com o
único objetivo de alcançar nota. Essa é uma situação que não pode continuar. O
professor precisa ter certeza do que ensina e para que ensina. Só assim, ele
poderá esclarecer para seu aluno as dúvidas que este tiver. É por isso que no
próximo item iremos abordar o para quê do ensino de Língua Materna.
É comum ouvir dos alunos a seguinte
pergunta: “por que tantas aulas de Língua Portuguesa, se nós já falamos
português?” E, muitas vezes, um outro aluno mesmo responde: “para nos ensinar a
falar e a escrever, porque nós falamos tudo errado”. Essa fala evidencia que os
alunos já chegam à escola pensando que só verão a variedade culta da língua, ou
seja, estudarão apenas a gramática normativa. Mas não é isso que Travaglia
(2002) vem nos propor. Segundo o autor, o ensino de Língua Materna se
justifica, prioritariamente, pelo desenvolvimento da competência comunicativa
do aluno. Mas o que é isso? Desenvolver a competência comunicativa do aluno é
torná-lo apto a se comunicar e a entender aquilo que os outros comunicam nas
mais diversas situações de uso da língua. Uma pessoa que tem essa capacidade
consegue utilizar a língua para os mais variados fins e consegue, também,
compreender o uso que as outras pessoas fazem, seja na língua oral ou escrita,
na variedade padrão ou não. Mas o desenvolvimento dessa capacidade requer o
desenvolvimento de outras duas competências e, sem estas duas, a primeira se
torna inviável, uma depende da outra. São elas: a competência textual e a
competência gramatical ou linguística. A competência textual é a capacidade de produzir
e compreender textos. Desenvolver esta capacidade implica em desenvolver outras
três capacidades, a saber:
– capacidade formativa, que permite
produzir e compreender um ilimitado número de textos e avaliar se o texto está
ou não bem formado;
– capacidade transformativa, que
permite modificar um determinado texto de diferentes formas de acordo com o
objetivo que se quer alcançar;
– capacidade qualificativa, que permite
reconhecer um determinado texto segundo uma tipologia. Essa capacidade está
muito ligada à capacidade formativa, pois se o usuário da língua é capaz de
identificar um texto dentro deProfessores em Formação ISEC/ISED Nº 1 2º
semestre de 2010 uma tipologia, pressupõe-se que ele também seja capaz de
produzi-lo.
O espaço do presente artigo não permite
discutir os passos necessários para desenvolver nos alunos a competência
textual, uma vez que, neste momento, o foco da nossa atenção será o desenvolvimento
da competência gramatical ou linguística. A competência gramatical ou linguística é a capacidade
que o usuário da língua tem para produzir sequências gramaticais. Quanto maior
essa capacidade, melhor será a comunicação feita pelo usuário, pois cada
situação de comunicação requer uma sequência gramatical diferente. Para
desenvolver esta capacidade, é necessária a ajuda da gramática e é aqui que se
concentra nosso maior problema.
2. LINGUA ESTRANGEIRA
A
aprendizagem de Língua Estrangeira é uma possibilidade de aumentar a
autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão. Por esse motivo, ela
deve centrar-se no engajamento discursivo do aprendiz, ou seja, em sua
capacidade de se engajar e engajar outros no discurso de modo a poder agir no
mundo social.
Para que
isso seja possível, é fundamental que o ensino de Língua Estrangeira seja
balizado pela função social desse conhecimento na sociedade brasileira. Tal
função está, principalmente, relacionada ao uso que se faz de Língua
Estrangeira via leitura, embora se possa também considerar outras habilidades
comunicativas em função da especificidade de algumas línguas estrangeiras e das
condições existentes no contexto escolar. Além disso, em uma política de
pluralismo lingüístico, condições pragmáticas apontam a necessidade de
considerar três fatores para orientar a inclusão de uma determinada língua
estrangeira no currículo: fatores relativos à história, às comunidades locais e
à tradição.
Uma língua estrangeira é um idioma (não falado pela população
de um determinado local): por exemplo, não apenas Inglês, mas
também japonês antigo tardio são uma língua estrangeira no Japão. É também
uma língua não falada no país de uma pessoa referida, ou seja, um falante de
inglês que vive no Japão pode dizer que Japonês é uma
língua estrangeira para ele ou ela. Estas duas caracterizações não esgotam as
possíveis definições, porém, o rótulo é ocasionalmente aplicado em formas que
são diversas vezes enganosa ou factualmente incorretas.
Algumas
crianças aprendem mais de uma língua desde o nascimento ou, desde a mais tenra
idade: são bilíngue ou multilingue. Estas
crianças pode ser dito ter duas línguas maternas: nem é língua estrangeira para
o filho, mesmo que uma língua seja uma língua estrangeira para a grande maioria
das pessoas no país de nascimento da criança. Por exemplo, uma criança aprende
Inglês com sua mãe inglesa e na
escola japonesa no Japão pode falar Inglês e Japonês, mas também não é uma
língua estrangeira para ela.
A linguagem
é o meio pelo qual uma vasta gama de relações são expressas, e é indiscutível o
papel que ela desempenha na compreensão mútua, na promoção de relações
políticas e comerciais, no desenvolvimento de recursos humanos. O reverso da
medalha, no entanto, é que, ao mesmo tempo em que pode desempenhar esse papel
de promotor de progresso e desenvolvimento, a linguagem pode afetar as relações
entre grupos diferentes em um país, valorizando as habilidades de alguns grupos
e desvalorizando as de outros.
Internamente,
pode servir como fonte poderosa e símbolo tanto de coesão como de divisão. Externamente,
pode servir como instrumento de elitização que capacita algumas pessoas a ter
acesso ao mundo exterior, ao mesmo tempo em que nega esse acesso a outras. No
plano internacional, situação semelhante se configura. O que diz respeito à
situação de indivíduos dentro de um país, aplica-se à situação de países dentro
da comunidade internacional. Se a tendência do mundo de hoje para o futuro é a
dependência cada vez maior na troca de informação, a linguagem e as línguas
estão no cerne da questão: quem controla a informação?
2.1.
RELAÇÃO
ENTRE A LINGUA ESTRANGEIRA E LINGUA MATERNA
A relação entre língua estrangeira e
língua materna na aprendizagem O processo sociointeracional de construir
conhecimento lingüístico e aprender a usá-lo já foi percorrido pelo aluno no
desafio de aprender sua língua materna. Ao chegar à quinta série, a criança já
é um falante competente de sua língua para os usos que se apresentam nas
comunidades discursivas E imediatas das quais participa em sua socialização em
casa ou nas brincadeiras com os amigos fora de casa, e em outras comunidades discursivas.
Essas outras comunidades podem exigir a aprendizagem de uma variedade da língua
materna ou de padrões interacionais diferentes dos que teve acesso em casa (por
exemplo, modos de interagir com outra pessoa em sala de aula).
Neste percurso, o aluno já aprendeu
usos da linguagem com os quais pode não ter se familiarizado em casa (por
exemplo, na leitura e na produção de um texto escrito), tendo também
interiorizado sua natureza sociointeracional (por exemplo, ao aprender a
considerar as marcas das identidades sociais, idade, gênero etc. daqueles com
quem fala em contextos sociais específicos) e começado a construir conhecimento
de natureza metalingüística nas aulas de língua materna. Isso lhe possibilita
pensar, falar, ler e escrever sobre sua própria língua. Enfim, o aluno já sabe
muito sobre sua língua materna e sobre como usá-la, ou seja, sabe muito sobre
linguagem.
Em linhas gerais, o que a aprendizagem
de uma Língua Estrangeira vai fazer é:
· Aumentar o conhecimento sobre linguagem
que o alunoconstruiu sobre sua língua materna, por meio de comparaçõescom a
língua estrangeira em vários níveis;
· Comunidades discursivas são os espaços
sociais (lar, escola, clube etc.) orientados por práticas sociais específicas
de construção de significado dos quais se participa.
· Possibilitar que o aluno, ao se
envolver nos processos de construir significados nessa língua, se constitua em
um ser discursivo no uso de uma língua estrangeira.
3.
LÍNGUA VEICULAR
Chama – se Língua Veicular a uma Língua
Própria, uma Língua Padrão, a Língua de Origem.
É uma Língua que junta todos os países
que falam a mesma Língua, que podem estar sempre em comunicação duma da outra,
porque têm o mesmo veículo na linguagem.
CONCLUSÃO
Depois de toda a pesquisa feita durante a elaboração deste trabalho,
pude concluir que:
Em geral, o idioma materno é aprendido através da família, em casa. A habilidade na língua materna é imprescindível para a
aprendizagem posterior, uma vez que constitui a base do pensamento. Por outro
lado, uma destreza incompleta na língua materna dificulta a aprendizagem de
segundas línguas.
Embora seu conhecimento seja altamente
prestigiado na sociedade, as línguas estrangeiras, como disciplinas, se
encontram deslocadas da escola. A proliferação de cursos particulares é
evidência clara para tal afirmação. Seu ensino, como o de outras disciplinas, é
função da escola, e é lá que deve ocorrer.
BIBLIOGRAFIA
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da
linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da
linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.